Os médicos cubanos que farão parte do programa Mais Médicos, do Governo Federal, começaram a desembarcar neste fim de semana no Brasil. Contratados mediante acordo do governo brasileiro com a OPS (Organização Pan-americana de Saúde), eles são os primeiros de um total de 4 mil médicos que irão atuar no SUS (Sistema Único de Saúde) em rincões que não conseguiram atrair a atenção dos profissionais brasileiros e estrangeiros que se inscreveram individualmente no programa Mais Médicos.
Em pronunciamento nesta segunda-feira (26/08) na Câmara Municipal de Cascavel, o vereador Paulo Porto (PCdoB) destacou a iniciativa do governo brasileiro e a solidariedade cubana neste acontecimento histórico. “Que venham os cubanos, que ocupem os rincões do Brasil que nunca tiveram acesso aos mínimos cuidados médicos. Com essa ação milhares de brasileiros que nunca tiveram acesso a cuidados de médicos de qualidade – nem digo de boa qualidade – terão os mínimos cuidados com medicina”.
O vereador desqualificou as críticas proferidas desde o anúncio da vinda dos médicos cubanos. “Inicialmente diziam que não existia estrutura física mínima para qualquer tipo de atendimento nos ermos do Brasil, então o governo vem e prova com estatísticas que os equipamentos médicos no país vêm crescendo muito mais que os números dos médicos”. Sobre o incentivo a atuação dos médicos brasileiros no SUS, Porto exclamou: “O governo oferece uma bolsa de R$ 10 mil com todas as despesas pagas, abre milhares de inscrições e o resultado é sabotagem de alguns médicos e pouco interesse”.
Os médicos cubanos que trabalharão no Brasil já participaram de outras missões internacionais, sendo que 42% deles já estiveram em pelo menos dois países dos mais de 50 com que Cuba já estabeleceu acordos deste tipo. “Não são garotos recém-formados e inexperientes: 89% tem mais de 35 anos e 65% ficam entre 41 e 50 anos. 84% têm mais de 16 anos de exercício da medicina, 100% têm especialização em Saúde da Família, 20% mestrado nessa especialidade e 28% têm outros cursos de pós graduação”, destacou Porto.
Sobre a remuneração destes profissionais, Porto lembrou que o acordo foi referendado por organismos internacionais, como a OEA (Organização dos Estados Americanos) e a ONU (Organização das Nações Unidas). “Não se imagina que uma organização como essa apoiasse ‘trabalho escravo’ como alguns ingênuos ou mal intencionados. Os argumentos utilizados tem sido cada vez mais esfarrapados e elitistas, revelando um perigoso corporativismo. Como se fazer oposição ao governo em época de pré-campanha fosse mais importante que garantir saúde a milhões de brasileiros”.
Junto ao Programa Mais Médicos, o vereador destacou a continuidade da luta pelo fortalecimento do SUS, mais recursos federais para a saúde e mais vagas nas universidades. “Seguimos nas ruas por essas bandeiras e por enquanto agradecemos este grandioso ato de solidariedade cubano e damos os parabéns ao governo Dilma [Rousseff], do qual nos orgulhamos em ser base”.
Governo do Paraná
Paralelo a isso, Porto criticou os corte de R$ 3,3 milhões do Governo do Paraná em ações voltadas a saúde e educação em Cascavel. “Ao mesmo instante que declaramos nosso apoio a esse acontecimento histórico que irá salvaguardar o direito a saúde a milhões de brasileiros, somos pegos de surpresa com o anúncio do Governo do Estado de corte em áreas fundamentais. Nós vereadores, independente de oposição ou situação, devemos cobrar a vinda destes recursos para o município”, concluiu o vereador.
A saúde de Cascavel é um dos setores que sofrerá mais impactos com esses cortes do Governo do Estado. Ao todo, o corte foi de R$ 875 mil, subdivididos na Ala de Queimados e unidade materna/infantil do HUOP (Hospital Universitário do Paraná) e no Cetrad (Centro de Tratamento de Dependentes de Álcool e outras Drogas).
Foto: Flávio Ulsenheimer/ Assessoria Câmara Municipal